The acordo com as pesquisas neurocientistas do Soviético Luria, as pessoas que vivem em comunidades agrárias, isoladas e sem escolaridade tendem a terem uma percepção e experiência de mundo mais material/funcional. Enquanto as pessoas com experiências mais globais, urbanas e escolarizados, tem maior capacidade e tendência ao pensamento abstrato, do qual o grupo mencionado primeiro tem limitação cognitiva para tal pensamento.

Um exemplo, é de como fazer associações de ferramentas. Em uma mente de visão abstrata martelo, Machado, serrote são agrupados em um mesmo grupo por serem ferramentas. Mas em uma mente que percebe o mundo de forma menos abstrata, o martelo não pertenceria ao mesmo grupo das demais ferramentas, pq enquanto serrote e Machado servem para obter etrabalhar com madeira, o martelo não serve. Indo além, na percepção mais material, a palha e o esuqueiro que deveria ser agrupado com serrote e Machado, por fazer mais sentido na questão material prática. Mas na mente abstrata não faz sentido, pq palha e sequeiro, apesar de serem necessários para queimar a lenha obtida com o serrote e quebrada com o Machado, a palha não é ferramenta e o sequeiro é um outro tipo de ferramenta.

O pensamento abstrato é puramente intelectual e tentar organizar o mundo atravez do pensamento abstrato é uma tendência idealista e não materialista.

Claro que análises teóricas, materialistas históricas e dialéticas são importantes, mas quando esse passa a ser o foco e o “revolucionario” que se foca no “intelecto”, ele não está atendendo ao seu interesse idealistas da classe média/intelectual urbana, e assim segregado dos interesses materialistas da classe trabalhadora? Como também não estaria sendo mais idealista do que materialista?

Como um Vanguardista ou intelectual vai inspirar o interesse e educação revolucionária na classe trabalhadora quando ele está focado em atingir um ideal do mundo das ideias (ideologico) ao invez de se focar nas próprias condições materiais da classe trabalhadora para mostrar a ela suas condições e conflitos de classe?

Esses intelectuais não estão sendo “white survavor” reproduzindo a mesma tradição colonialista de que eles devem “civilizar” os demais povos com seus ideias abistratos? No lugar de acreditar que a própria classe trabalhadora pode ganhar conciencia de classe e revolucionária através de sua própria realidade material? E assim seguir seus próprios interesses de classes ao invez de ser adequar aos ideias ideologicos de uma outra classe que tem seus interesses distintos por terem outra realidade material?

E não era justamente essa a crítica de Marx e Engels a classe media/intelectual?

Marxistas clássicos fazem uma distinção entre política e economia com se o primeiro fosse essencialmente materialista e o segundo idealista. Mas essa é justamente uma visão de separação abstrata e idealista das coisas. A economia, mesmo acreditando partir da realidade material, pode, é e foi quase sempre usada de forma bem idealista, por causa de preceitos abstratos de organisacao da produção. Eis o motivo que a duas vezes na União Sovietica o “cientificismo” materialista levou a fome e milhões de mortos. Pq o que se acreditava ser pautado na ciência materialista estava sendo unicamente idealista, a partir de ideiais completamente abstratos que ignoravam a realidade material dos camponeses que foram forçados a proletarizacao e a industrialização da lavoura, ignorando completamente a realidade, experiência e conhecimento material deles próprios (considerados não serem capazes de tal compreensão).

E não seria esse apego a uma idolatracao e hierarquia intelectual um desejo de poder (uma compensação para obter um senso de valor sobre si mesmo), justificado por uma suposta hierarquia [superioridade] intelectual?

E sendo assim, ao atingir o poder do estado, eles vão realmente tornar o estado e seu partido submisso ao interesse da classe trabalhadora, ao ponto do estado uma hora se fazer inútil e naturalmente desaparecer com a autonomia da classe trabalhadora?

Pq de acordo com o materialismo histórico, e com o que Marx é Engels falam na A Ideologia Alemã, a revolução por um grupo que toma o poder terá que se adequar às condições produtivas desse poder. Por exemplo, o Feudalismo como resultado da tomada do poder de povos bárbaros e as condições produtivas do Império Romano.

O comunismo de Marx se basea na classe trabalhadora tomando o poder dos meios produtivos industriais de um capitalismo altamente industrializado (supostamente avançado). No entanto quando é uma classe media/intelectual que toma opoder dos meios produtivos, podemos realmente esperar o mesmo resultado que Marx hipotetisou? Sendo que são classes com realidade material distinta e portanto interesses de classes distintos?

E no final, como esperar uma classe trabalhadora unidade e forte globalmente para uma revolução quando grupos intelectuais ideologicos visam segregar a classe trabalhadora competindo na conversão (catequisacao) da classe trabalhadora a suas distintas e conflitabtes ideologias? Se não for impor tais “doutrinas” a classe trabalhadora uma vez que tais intelectuais obtenha o monopolio do poder do estado?

Não será que esses intelectuais precisam descer do branquinho e serem mais humildes em ouvindo a classe trabalhadora e apoiando ela como objetivo principal, de entebder suas proprias condicoes de acordo com suas proprias realidade material e historica, para o fortalecimento dela ao invés de grupos ideologicos de classes distintas?

Então fica a questão.

  • ThorCroix@lemmy.eco.brOPM
    link
    fedilink
    Português
    arrow-up
    1
    ·
    edit-2
    1 year ago

    Não é questão de apenas combater o “vigente” ou o que está no poder. O combate à inúmeras ameaças que estão ainda tentando disputar o poder, mesmo que aparentemente ou a princípio fracos, devem ser combatidos constantemente também para impedir qualquer changes de conseguirem disputar e chegar ao poder.

    E eu aproveito essa conversa para também dizer que mesmo em um futuro onde os trabalhadores tenham feito revolução e o comunismo/anarquismo predomine, o combate contra demais ideologias em busca de poder nunca tem fim.

    O que o texto propõem não é o combate ao conhecimento ou intelectualidade. Eu não sei se foi isso que você interpretou do texto ou se você está apenas aproveitando o assunto para levantar essa questão.

    Mas o objetivo do texto é criticar a classe intelectual, e aqueles que querem pertencer, ou se sentirem pertencente a elas, como forma de buscar privilégios políticos e/ou sentimento de superioridade (hierarquia) moral/intelectual.

    Por mais que no sentido clássico intelectuais e administradores não sejam considerados trabalhadores, enquanto que no mundo atual sejam, mesmo falando que são todos trabalhadores não quer dizer não exista diferentes realidades materiais, e consequentemente conflito de interesses, entre a própria classe trabalhadora. Por isso a importância do combate à divisão do trabalho, e a mescla entre lavoura e indústria, entre agricultura e cidades, onde trabalhadores podem trabalhar nas rotas de manhã, nas indústrias a tarde, na criação artística no final do dia e dedicar a atividade intelectual a noite, e vive versa, fazendo com que trabalhadores entenda e façam parte da realidade material um do outro.

    Certas vertentes vanguardistas de esquerda, que dizem que somente eles podem liderar e guiar os trabalhadores, alegando que os trabalhadores não têm condições ou capacidade material (ainda) para compreender a luta de classe e combater o capitalismo. Ou pior, falam que camponeses devem ser a retaguarda dos proletariados. Veja que esses princípios revolucionários já partem mantendo divisões de classe, ou do trabalho entre trabalhadores, é consequentemente, o conflito de domínio sobre uns sobre os outros no lugar de liberação. Mesmo que seja com a “boa intencao” na crença de que o domínio deles é benevolente e necessário para poder então liberar a todos.

    Além do da Ideologia Alemã que eu citei, outro livro que dedica muitas páginas e se foca mais diretamente nessa questão se chama “Os Condenados da Terra” de Franz Fanon. No caso, ele fala mais de eventos históricos revolucionários nos países coloniais e suas lutas de liberação. Mas um terceiro livro que aponta a mesma questão a partir das experiências administrativas do poder, tanto de países capitalistas quanto dos países ditos socialistas, como a China e União Soviética, se chama “Seeing Like a State” de James Scott.

    • dirlididi@lemmy.eco.br
      link
      fedilink
      Português
      arrow-up
      1
      ·
      1 year ago

      eu acho q vc quis combater o que o próprio fanon chamou do intelectual colonizado… q não é o mesmo da intelectualidade, do conhecimento e do idealismo. mas o próprio fanon faz essa colocação de chamar de intelectual colonizado justamente para ser preciso e evitar cair em uma luta abstrata contra a intelectualidade como um todo.

      eu tb não acho que fanon teria sido contra ou já se apresentou contra o vanguardismo… e o vanguardismo em si nunca foi colocada como uma elite intelectual per si, mas como uma elite revolucionária… mas essas discussões devem ser colocadas dentro de seu contexto. boa parte desses conceitos, e mesmo do intelectual colonizado não podem ser trazidas de uma forma direta.

      eu tb não quero recair num preciosismmo de termos e justamente recair no idealismo :) nessas colocações que vc fez, eu só acho importante buscar combater o idealismo, evitar um comunismo primitivista ou do combate a intelectualidade e avanços tecnológicos. e acho que concordamos disso.

      nessa posição sobre o vanguardismo, eu não vejo problema de existir um grupo revolucionário que se coloque como responsável pela disputa, mas que tenha como objetivo a ditadura do prolitariado, a propagação da revolução e combater a burocracia. se fosse possível fazer a revolução sem esse grupo, melhor! não acho que haja condições pra isso hj (no brasil), mas o vanguardismo tmb não quer dizer que é um clube fechado que não busca se expandir… mas acho q isso é outra discussão.

      • ThorCroix@lemmy.eco.brOPM
        link
        fedilink
        Português
        arrow-up
        1
        ·
        edit-2
        1 year ago

        Como eu deixei já claro no post que você está comentando, e desta vez em poucas palavras para ficar mais claro ainda:

        A crítica do texto é contra o intelectualismo como forma de status, para justificar superioridade moral, politico e privilégios hierárquicos.

        O Que eu não estou sendo contra:

        Intelectuais, conhecimentos, ciencia, materialismo, Vanguardistas, etc.

        Além do assunto do tópico em si:

        Não sou contra o intelectuo, conhecimento, ciência, vanguardismo, etc.

        Aliás, também não sou contra idealismo e utopia.

        Espero que isso esclareça qualquer mal entendido.

        • dirlididi@lemmy.eco.br
          link
          fedilink
          Português
          arrow-up
          1
          ·
          1 year ago

          Falar de forma direta, sem misturar vários conceitos ajuda bastante a trazer clareza no que se quer argumentar. Infelizmente, pode parecer claro assim para vc, mas não estava assim pra mim.

          Acho que estou em um nível inferior de compressão para entender o texto, mas agradeço por uma das referências q eu não conhecia. Vou ver se aprendo a partir delas.